sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Os primeiros dias no infantário

A socialização é fundamental para o desenvolvimento da criança e a escola tem um papel fulcral. Aos 3 anos a criança tem a idade ideal para entrar para a escola, pois é a idade em que a criança começa a preparar-se para viver em sociedade. Estar com outras crianças e partilhar momentos, brincadeiras, brinquedos e até discussões é muito importante e ajuda na promoção da autonomia, auto-estima, auto-confiança, capacidade para lidar com desafios e estímulo das capacidades cognitivas.

A relação com os pais é algo que não se pode substituir, mas a relação com os pares (outras crianças da mesma idade) também não. Na escola a criança aprende a cumprir regras de maneira diferente, aprende a ser autónoma, a dominar o seu comportamento, a gerir conflitos e a dividir a atenção da educadora com outras crianças. Aprende a brincar com outras crianças, sem que a sua vontade seja sempre satisfeita. Brincar com os outros ensina-a a saber esperar pela sua vez, a perder, a comparar-se com os outros e a conhecer os seus pontos fortes e pontos fracos. Brincar permite ainda criar situações imaginárias onde cada criança exerce o seu papel, o que ajuda no seu desenvolvimento emocional.

A escola tem técnicos especializados que sabem como organizar actividades adaptadas ao nível de desenvolvimento da criança, permitindo assim maximizar o seu potencial cognitivo. Quando a criança interage com outras crianças consegue atingir resultados mais satisfatórios nas aquisições cognitivas, nomeadamente aprender a ler, escrever e contar. Desta forma, começam a criar-se óptimas bases para aprendizagens futuras e prepara-se gradualmente a entrada no 1º ciclo.

A ida para o infantário marca o início de uma etapa diferente e devem ser tidos em conta alguns aspectos.

Escolha do infantário
Esta escolha exige tempo, paciência e muita pesquisa. Dirija-se a vários infantários, converse com os proprietários, peça para ver as instalações. Não se esqueça de falar com amigos/familiares/conhecidos e procure saber se têm referências sobre o infantário. Para poder transmitir segurança ao seu filho deve ter a certeza que fez uma boa escolha.

Preparação da criança
A criança não deve ser levada ao infantário sem que antes se explique o que é um infantário, quais as actividades que as crianças fazem, etc. As explicações demasiado detalhadas podem gerar medo e insegurança, especialmente se estes forem sentimentos que os pais estão a vivenciar. As explicações devem ter sempre uma componente positiva (vais conhecer outros meninos, vais ter com quem brincar, há muitos brinquedos giros…).
A criança deve fazer uma visita ao infantário, para se começar a ambientar ao espaço e para conhecer as educadoras. Se ele gosta de pintura, leve-o ao espaço dos trabalhos manuais. Procure os brinquedos e mostre-lhe aqueles que sabe que ele vai gostar.
Ainda durante as férias comece por estabelecer rotinas matinais, para que a criança não tenha que viver todas as mudanças de uma só vez.

Estar com outras crianças
Mesmo durante as férias, os pais devem criar condições para que os filhos possam interagir com crianças da mesma idade. Na praia ensine o seu filho a iniciar uma conversa com outra criança e mostre como pode convidar o outro para brincar. No fim-de-semana combine com amigos, primos ou vizinhos alguns lanches. Nas festas de anos, não recuse os convites.
Antes da entrada para o infantário procure saber se o seu filho conhece alguma criança que ficará na mesma sala. Estimule encontros e brincadeiras antes do início do ano lectivo.

Evitar outras mudanças
A entrada para o infantário já é uma mudança muito significativa na vida da criança. Tirar a chucha, as fraldas, mudar de quarto, trocar a cama e outras alterações devem ser evitadas nesta fase. O nascimento de um irmão, a morte de um familiar ou de um animal de estimação e a separação dos pais são momentos particularmente difíceis para a criança.

Medo da separação
A criança mostra geralmente alguns sinais que confirmam a recusa em separar-se dos pais. Muitas vezes, este medo estende-se aos pais e, em alguns casos, o medo que os pais sentem em separar-se do filho é maior do que o medo do filho em separar-se dos pais. Neste caso é fundamental que os pais aprendam a controlar-se e que procurem ajuda especializada se verificarem que não estão a conseguir lidar com a situação. Este problema afecta mais as mulheres, especialmente quando tiveram dificuldades em engravidar, foram vítimas de aborto espontâneo, têm tendência para a depressão e outros problemas psicológicos.
Devem ser evitadas: despedidas demasiado prolongadas, sair sem ser visto, regresso dos pais ao infantário 5 minutos depois da criança entrar, choro dos pais em frente à criança, obrigar a criança a entrar com gritos e palmadas, pedir à educadora para tirar a criança do colo da mãe.

O choro nos primeiros dias
Outro aspecto interessante tem a ver com o choro da criança. O facto de a criança chorar não significa que não goste de ir para o infantário e trata-se de um comportamento normal, de adaptação a uma situação nova. Por oposição, quando uma criança vive friamente todas estas mudanças, isso não significa que esta esteja a adaptar-se perfeitamente.

Alguns comportamentos esperados
Por vezes a criança pode regredir durante algum tempo. Esta regressão pode manifestar-se através da necessidade da chucha, dificuldade em manter os padrões de sono, fazer xixi na cama, etc. Quando os pais regressam, algumas crianças oscilam entre reencontros cheios de afecto e comportamentos agressivos, outras simplesmente ignoram os pais.

Chegar a horas

É muito importante que os pais organizem os seus horários de forma a que possam ir buscar a criança à hora combinada. O final do dia pode trazer ansiedade, especialmente se a criança percebe que os pais dos seus colegas já os foram buscar. Imprevistos acontecem, mas se tiver que chegar mais tarde avise antecipadamente. O medo do abandono é normal e é muito importante para a criança sentir segurança e ter a certeza que os pais a vão buscar no final do dia.

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