terça-feira, 7 de abril de 2009

Entrevista à nossa psicóloga: Saídas à noite

Sofia Martinho/Activa 07 Abr. 2009

“Mãe, quero sair hoje à noite”. Existem palavras mais temidas do que estas? Consciencialize-se que é inútil lutar contra moinhos de vento. A atracção por um cenário onde, aos olhos dos adolescentes, todas as experiências acontecem, é mais forte do que todos os seus argumentos contra. E eles querem-no fazer cada vez mais cedo.

Por outro lado, a adolescência é uma fase da vida que implica naturalmente a exposição a diversos perigos: “Se pensarmos que podemos controlar estes perigos proibindo as saídas à noite, estamos a deixar o jovem à mercê de muitos outros perigos que também existem durante o dia. A proibição das saídas à noite impede o jovem de viver experiências que são essenciais ao seu desenvolvimento e prejudica a a sua socialização”, salienta a psicóloga Sónia Pereira.

É essencial que os pais encontrem um ponto de equilíbrio, o que não é fácil, mas pode ser alcançado. Antes de mais, e apesar da precocidade crescente desse desejo, cada caso é um caso: “não podemos identificar uma idade ideal para começar a sair, pois tudo depende das especificidades do local (uma discoteca, uma festa, um concerto, uma rave…), da maturidade do jovem e de muitos outros factores. Os pais vêem-se cada vez mais pressionados para autorizar saídas à noite (“todos os meus amigos saem, porque razão eu não posso?”), mas é importante referir que não são obrigados a fazê-lo se não se sentirem confortáveis com a situação.
Os pais devem aprender a dizer “não” se consideram que, de facto, estão a agir de forma correcta.” Mas sendo o ‘correcto’ tão subjectivo, a psicóloga Vitória Ortega ajuda a estabelecer a fronteira: “devem proibir quando exista a necessidade de proteger o jovem dele próprio”, ou seja, quando são identificados sinais de risco (como o consumo repetido de álcool e de drogas).

Não tenha medo de lhe exigir que…

… esteja contactável pelo telemóvel: “Para segurança do jovem, este deve estar contactável. Além disso, também é essencial que seja combinada a hora de chegada a casa, que os pais saibam onde está o filho e que conheçam alguns dos seus amigos”, aconselha Sónia Pereira

… respeite o horário negociado, sendo que este deve ser adequado à idade do seu filho: “quando tem 13 anos pode ir jantar à pizaria com os amigos ou ir ao cinema, conversar com os amigos na praceta com o seu grupo até às 23 horas; aos 15, o seu raio de acção precisa de mais amplitude: já conhece o que está próximo, pelo que necessita de mais terreno e de mais tempo para explorar e ampliar o conhecimento; e assim sucessivamente, até aos 18,19 anos”, refere Vitória Ortega.

… lhe diga com quem está e onde: “de preferência, deve conhecer os amigos, pois isso implica uma dupla responsabilidade: perante a família e perante a família dos amigos”, lembra Vitória.

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